sexta-feira, 15 de março de 2013

O que faz um veleiro seguro - quilha fixa x móvel

    Tradicionalmente, os veleiros que possuem quilha  fixa, são considerados os mais seguros(em tese), para velejarmos em águas abertas, entretanto, convém estabelecer certos cuidados nestas considerações.
   A navegação, tanto em águas abrigadas ou abertas, oferece um infindável número de riscos, que vão desde pedras ou bancos submersos, poitas de sinalizações, objetos naufragados, até obstáculos flutuantes e coisas do gênero, deixando a opção de quilhas fixas  e lemes desprotegidos, especialmente se não houver um  Skeg para proteger o eixo de eventuais obstáculos.

Ao considerarmos a quilha fixa, estamos optando por segurança e velocidade na navegação, mas não é uma verdade absoluta, uma vez que as quilhas móveis proporcionam da mesma forma segurança adequada, com o diferencial de possibilitar ao navegante, em situações críticas, de levantar a quilha e procurar um abrigo seguro em águas de baixa profundidade, proibitivas para calados maiores.

As quilhas tipo canivetes, com patilhão, oferecem da mesma forma a segurança  necessária , possibilitando ainda que não haja um impacto exagerado da embarcação ou maiores danos caso sejamos surpreendidos por um eventual obstáculo escondido abaixo da linha d'água.

As quilhas tipo guilhotina, possuem a vantagem de aumentar o calado, diminuindo consideravelmente  o centro de gravidade do veleiro,  para um velejar mais seguro, sem grandes perdas em performance de embarcações de cruzeiro.


sábado, 9 de março de 2013

Capítulo II - O que faz um veleiro seguro - fibras

Já foi considerada na primeira parte a segurança estrutural por meio de reforços em fibra de carbono , kevlar e fibra de vidro. Fundamentalmente, além das diferentes propriedades dos materiais que farão parte do compósito,  o custo agregado é fator preponderante no processo de escolha dos materiais.  No quesito custo, o kevlar pode chegar facilmente a valores em torno de R$ 50,00 o metro quadrado, a fibra de carbono a R$ 160,00, e a fibra de vidro a R$ 15,00, entretanto cada fibra tem sua característica predominante.Por exemplo, as fibras de aramida, conhecidas comercialmente por Kevlar, Twaron, tem excelente resistência a impactos de alta velocidade, podendo ser submetidas a estes esforços  com superioridade , se comparadas à fibra de vidro, ou mesmo a fibra de carbono. Esta é a razão principal da utilização destes tecidos em coletes balísticos. a fibra de carbono, cuja densidade é muitas vezes menor que o aço, tem resistência à tração que pode chegar a cinco vezes o valor obtido do aço, com bitolas semelhantes.



   Fora as laminações de reforço, a própria estrutura geométricas dos reforços de laminação e fixação de camas e anteparas são  fundamentais para conferir ao veleiro uma rigidez estrutural que transforme o casco como um bloco único.A associação destes materiais é vantajosa para veleiros, submetidos a tensões diversas em áreas do casco, exigindo reforços estruturais que possam resistir às exigências de uma regata, por exemplo. O prórprio fabricante dos veleiros Fast, na década de 90, já utilizou com sucesso reforços neste sentido em veleiros nacionais voltados para a área competitiva.
imagem: Regata Sava Clube

domingo, 3 de março de 2013

Segurança ao velejar

Capítulo I - O que faz um veleiro seguro estruturalmente?

Para navegadores novos ou experientes, as diferentes opiniões que fazem um veleiro seguro são constantes em rodas de discussões náuticas. Existem vários aspectos a considerar.começando-se sobre as características de fabricação de cascos, reforços, materiais, compartimentos estanques, qualidade das instalações elétricas, de gás, etc...
Em se tratando de veleiros de cruzeiro, onde o foco é desfrutar de passeios com a família, a segurança deve priorizar o material de construção do casco, laminação, reforços, etc...

Veleiros construídos e laminados por concepções antigas muitas vezes tem um peso maior que os de laminação atualizada, entretanto com resistência inferior, por muitas vezes serem baseados em estruturas que privilegiam fios picados (roving), excesso de resina, cuja resistência mecânica é inferior à laminações que utilizam tecidos biorientados, resinas epoxi, ou mesmo tecidos considerados exóticos, como fibra de carbono ou aramida.

Outro ponto importante são os compartimentos estanques, que conferem flutuabilidade positiva à embarcação, mesmo na hipótese de estar cheia de água, mantendo os ocupantes a salvo até a chegada de socorro. No caso do veleiro atobá, existem dois compartimentos na popa e um na proa, desenvolvidos para dar maior segurança aos tripulantes.

terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

Veleiros novos ou usados?

Um  lugar comum de todos os amantes da arte de navegar, é quando decidimos que é momento de adquirirmos um veleiro novo, ou quase. É claro que além da primeira análise inicial - o tamanho do bolso, existe a avaliação do tamanho da embarcação, motorização, conforto, segurança e outros ítens de igual necessidade.
Não podemos esquecer jamais o primeiro ítem fundamental, cujo esquecimento pode gerar uma dor de cabeça prolongada e não raras vezes resultar no encalhe prolongado do veleiro num box, tendo visitas esparsas do proprietário: A almiranta ( me perdoem os puristas gramaticais,,,rsrs), mas a mulher desempenha um papel preponderante para avalizar a compra, quase sempre com um feeling certeiro, seja no aspecto geral do veleiro, seja ao avaliar inclusive a conduta do vendedor/proprietário da embarcação.

Vencido este primeiro passo, surge a lógica inevitável. adquirir um veleiro menor e novo, ou um antigo com mais opcionais e preço compatível?
Para esta indagação, há que se levar em conta que o veleiro antigo apesar da lenda de ser muito reforçado, possuindo um casco com laminação grossa,  melhor que um novo, dependendo do caso, já foi exposto ao sol e intemperismo por anos a fio, sem contarmos ainda com histórias de "embarcação de garagem", semi novas, ou praticamente zero ....

Mitos à parte, resguardando-se casos de veleiros que realmente sempre foram cuidados, existe uma máxima: - Quanto maior for o veleiro, maior a dificuldade de se achar uma vaga na garagem...rsrs, ou seja, no fim o proprietário quando muito vai deixar o veleiro em seco, longe da água, submetendo a embarcação a tensões irregulares no casco (pontos de apoio da carreta), cujos esforços mecânicos muitas vezes são maiores que simplesmente deixar o veleiro na água. Outro elemento degradante, é a exposição à radiação solar, por anos a fio. Por melhor que seja a laminação de uma veleiro, a irradiação solar é o principal vetor a ser considerado no desgaste da fibra.  A ação do sol e umidade  é inevitável e cedo ou tarde surgirão bolhas de osmose ou falhas no gel.
Outras patologias associadas podem ser relacionadas à ação da umidade dentro da embarcação, cujo resultado é o aparecimento de fungos, apodrecimento de madeiras  e outras degradações. Como resultado, ao adquirirmos um veleiro antigo, com opcionais, não raras vezes podemos optar por manutenção, cujo início podemos ver, mas que dificilmente terminará quando estivermos prevendo.

Em outras palavras, o veleiro novo deve ser encarado como um investimento de lazer, para ser curtindo velejando, longe de docas em intermináveis manutenções, entretanto se opção, em função do custo, for de um veleiro antigo, boa sorte e divertimento, até porque quem disse que reformar não é divertido?




Areias Brancas
   Em um belo final de semana de janeiro, aproveitando a folga do comandante do veleiro Santa Fé, fomos descansar na praia das Areias Brancas. Quando estamos muito estressados e cansados, nada melhor que um passeio de barco. Todo o envolvimento de planejar o que levar para comer (pois parece que tudo o que é feito no barco sempre é melhor), verificar se todos os ítens de segurança estão ok, se o barco está abastecido com água, combustível, baterias, motor em ordem, limpeza... faz parte da diversão. O vento na ida estava forte, o que nos causou um aumento da adrenalina. Mas ao chegar na praia, tudo é festa!

Que maravilha uma quilha retrátil! Olha só a foto, descemos quase na areia!
Descarregamos o material necessário e está aí o churrasco feito pelo comandante, que estava muito bom!
Depois do merecido descanso, recolhemos tudo e sempre tendo o cuidado de deixar a areia limpa, de preferência mais limpa do que quando chegamos, fomos procurar abrigo para passar a noite no Arroio Araçá.
Beleza! Achamos o lugar perfeito, onde o veleiro ficou bem no meio dos aguapés e, apesar de todo o vento da noite, passamos tranquilamente até a manhã seguinte.
Após o café partimos em direção à Porto Alegre. Novamente ventos fortes ao sair do Arroio, o que fez com que decidíssemos por rizar vela e colocar na proa uma  tormentim. Sábia decisão!!!